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Arborização planejada – artigo da conselheira Janamaina Azevedo

O Plano Diretor de Arborização Urbana de Goiânia é uma iniciativa fundamental para a gestão adequada da cidade. Sancionada em 24 de janeiro, a Lei Complementar Nº 374, de 24/01/2024 estabelece diretrizes e metas para a expansão e manutenção da cobertura vegetal urbana, visando promover benefícios ambientais, sociais e econômicos.

A arborização urbana desempenha um papel central na redução da poluição do ar, na regulação da temperatura, na promoção da biodiversidade e na garantia de espaços públicos mais agradáveis. Ao redor das edificações, as árvores reduzem a incidência de sol e calor sobre o solo, as casas e os prédios.

Um estudo na Nigéria avaliou que árvores perenes e de folhas largas podem reduzir a temperatura em até 12º C. A vegetação também pode reduzir os ruídos entre três e cinco decibéis. Além disso, as árvores contribuem para o bem-estar físico e mental dos cidadãos.

Com as precipitações intensas que vêm atingindo a capital e outros municípios no período chuvoso – e os danos que acarreta à infraestrutura da cidade, aos imóveis e às pessoas – as árvores ganham ainda mais relevância. Nas áreas propensas a inundações, melhoram a absorção da chuva e a redução do escoamento superficial, contribuindo para a gestão das águas pluviais. Um estudo realizado por pesquisadores em Uruaçu, região Norte do Estado, monitorou três espécies – mangueira, ipê amarelo e oiti – que contribuíram significativamente para reduzir o volume de água que escoa superficialmente.

Outras pesquisas apontam que, em áreas urbanas com vegetação, 80% a 95% da água da chuva evaporam ou se infiltram no solo. Em locais sem vegetação, 60% da água da chuva escoa pela superfície impermeabilizada.

O Plano Diretor de Arborização de Goiânia inclui a definição do porte de espécies adequadas, diretrizes para plantio e manutenção e estratégias de envolvimento da comunidade. No artigo 5º, determina a utilização de espécies que já sejam referência para o local – “desde que adequadas para a área”. Prevê igualmente a utilização, quando possível, de espécies típicas do Cerrado.

A diversificação das árvores também é determinada pelo novo texto, de forma a assegurar a estabilidade e minimizar os impactos na fauna local. Igualmente importante é a previsão de um cronograma para o plantio e a manutenção, por parte do poder público.

Outra previsão da lei é a proteção de exemplares existentes e a realização de novos plantios, criando mais espaços arborizados na cidade, além da integração da arborização com outras políticas urbanas.

Desta forma, observamos que o Plano Diretor de Arborização de Goiânia representa um passo importante na construção de uma cidade mais verde, bem gerida e agradável para todos.

É importante ressaltar que os arquitetos e urbanistas e os engenheiros são agentes protagonistas nesse e precisam estar atentos à nova lei, na elaboração de seus projetos e execução das obras na cidade.

Para que a arborização tenha êxito, é fundamental o envolvimento desses profissionais, órgãos governamentais, organizações não governamentais, empresas e população em geral. A conscientização sobre os benefícios da vegetação e o engajamento ativo da comunidade são essenciais para garantir o cumprimento das metas estabelecidas.

 

*Janamaina Azevedo, arquiteta e urbanista, é conselheira do CAU/GO
Artigo publicado no jornal O Popular, no dia 11/03/2024.

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