Diante da falta de estudos e da iminência de sérios impactos para Goiânia quanto à permeabilidade do solo e à drenagem urbana, que já se configuram como questões cruciais para diversas cidades, o CAU/GO manifesta-se contrariamente à construção da trincheira no cruzamento da rua 90 com a avenida 136.
“É primordial que uma obra de mobilidade, especialmente quando envolve vultoso investimento público e intenso transtorno para a comunidade, seja baseada em uma pesquisa de origem-destino abrangente”, explica a arquiteta e urbanista Maria Ester de Souza, coordenadora da Comissão de Política Urbana e Ambiental do Conselho. “Somente esse levantamento poderia ou não comprovar a real necessidade dessa obra, pois é com ele que conhecemos a real demanda e os verdadeiros gargalos de um projeto de mobilidade, no presente e no futuro”.
Confira entrevista do CAU/GO para a TV Anhanguera nesta segunda-feira, dia 15 de abril.
Para o Conselho, além disso, é primordial e urgente a necessidade de a Prefeitura elaborar o Plano de Mobilidade Urbana, de modo que seja possível desenvolver projetos integrados entre si.
“Qualquer solução de mobilidade para a cidade de Goiânia precisa contemplar todos os modais”, afirma Maria Ester de Souza. “Porém, não deve incentivar ou abrir mais espaço para o uso de veículos automotores individuais, como se pretende com a trincheira.” Segundo a conselheira, mesmo no caso dos carros particulares, a eliminação de um cruzamento não solucionará o problema de uma via inteira congestionada diariamente, como resultado do modelo de desenvolvimento implantado na região sul da capital, com condomínios de luxo horizontais fora da área urbana.
“A falta de exigência de projeto executivo para o início das obras e a falta de obrigatoriedade de anotar Responsabilidade Técnica em obra pública também contribuem para a precarização dos processos”, explica Maria Ester.
