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Mais Arquitetura: podcast do CAU Brasil debate Arquitetura e saúde pública

Nesta quarta-feira, 3, estreia às 19h o segundo episódio da série Mais Arquitetura. A conselheira do CAU Brasil Camila Leal (PB) conversa com a biomédica Jaqueline Goes e com a estudante Brunna Barcelos sobre Arquitetura e Saúde Pública.

Acompanhe ao vivo, às 19h, no canal do CAU Brasil no Youtube.

Nos últimos dois anos de isolamento, ficou comprovado que morar bem é uma questão de saúde pública. Mas o conceito de saúde e bem estar é amplo, por isso o CAU Brasil quer saber como a Arquitetura e o Urbanismo afetam projetos nas cidades e a saúde das populações. E como podem ajudar a superar futuras epidemias.

Jaqueline Góes de Jesus é doutora em Patologia Humana e Experimental, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil, em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de covid-19 no país. A média no resto do mundo para esse mapeamento foi de 15 dias.

Brunna Giadornoli Barcelos é estudante de Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Multivix, de Vitória (ES) e diretora-geral da FeNEA.

Após a transmissão, as entrevistas completas estarão disponíveis tanto no podcast Mais Arquitetura no Spotify quanto no canal do Youtube do CAU Brasil.

Papel social
Como a Arquitetura e o Urbanismo podem ajudar a combater a desigualdade social no Brasil? Esse foi o tema do bate-papo de 27 de julho com a arquiteta e urbanista Ester Carro e do estudante da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) Aquiles Miguel, com mediação do conselheiro do CAU Brasil Ricardo Mascarello. Na estreia da nova série do podcast Mais Arquitetura, os convidados contaram histórias, discutiram soluções e se emocionaram. A série faz parte do programa “Mais Arquitetos”.

A arquiteta Ester Carro, que é pesquisadora do laboratório de cidades e coordenadora do projeto Fazendinhando, contou como sua infância na periferia de São Paulo despertou nela várias inquietudes que depois impulsionaram sua atuação na comunidade. “Questões de moradia eram as que mais me incomodavam e me causavam às vezes uma certa raiva e desespero. Por que que eu moro em uma casa assim, onde fica entrando ratos, baratas?”.

Para ela, o conhecimento na faculdade de Arquitetura contribuiu para que ela pudesse atuar propondo mudanças. “A técnica e as ferramentas da Arquitetura, junto ao conhecimento local, junto ao processo participativo, envolvimento da comunidade, promovem não só mudanças físicas, em um território ou moradia, mas principalmente a mudança na vida da pessoa, trazendo mais dignidade, melhorando a autoestima e a relação das pessoas com aquele ambiente”.

O trabalho de Ester Carro no “Fazedinhando” está ganhando cada vez mais destaque internacional. O arquiteto Diébédo Francis Kéré, vencedor do Prêmio Priztker 2022, mandou uma mensagem de incentivo à arquiteta . “Você é uma privilegiada como eu fui. Quando poderia ter ido trabalhar em qualquer lugar e viver a vida normal de uma arquiteta, você decidiu voltar para o lugar onde nasceu para servir à sua comunidade. É a melhor coisa que você pode fazer”, disse ele. Ester também foi destaque no programa “Caldeirão”, da TV Globo, e nas revistas internacionais “Der Spiegel” (Alemanha) e “Vogue” (Estados Unidos).

Contando as experiências vividas em um projeto de extensão, o estudante Aquiles Miguel falou da importância de se trabalhar próximo às comunidades que mais precisam. “Querendo ou não, a gente não é morador, então é preciso esse contato com essas pessoas para entender quais são as necessidades delas”, disse. Ele falou de um mapeamento espacial feito com as áreas e comunidades próximas ao Rio Paciência, em São Luís. Foram traçacas algumas estratégias e projetos de serviços que poderiam existir dentro do bairro.

“Só que sem a população a gente vai nadar em círculos”, disse. “Porque o que acontece é que a gente pode traçar diversos projetos e diversas ideias, mas a gente nunca vai saber se de fato aquelas ideias que a gente teve vão de fato influenciar na vida daquelas pessoas”. Para Ester Carro, essa diversidade no planejamento urbano é fundamental para se construir cidades mais justas. “A gente precisa ter mais mulheres, mulheres negras, homens negros também, indígenas. Pensar na inclusão é a gente ter esses diferentes tipos de pessoas atuando e construindo de forma coletiva”.

O conselheiro Ricardo Mascarello contou de sua experiência em Medellín, na Colômbia, durante sua pesquisa sobre as transformações que aconteceram na cidade. “Eu queria saber quem era o arquiteto que tinha projetado aquele edifício”, disse. “Um arquiteto da empresa de desenvolvimento urbano de Medellín me disse que não interessa quem foi o arquiteto, o que interessa é como as pessoas estão utilizando aquele prédio, se aquele prédio tá servindo para comunidade, o que ele está proporcionando. Então a gente começa a ver a arquitetura não como um monumento, mas como uso o que possibilita e a vida que vai ocorrer naquele edifício.”

Crescimento desordenado
Por diversos motivos, fazer a Arquitetura e o Urbanismo chegarem às populações carentes do país é um desafio enorme. O crescimento desordenado causa muitos outros problemas, e romper esse ciclo de más decisões é uma tarefa também de arquitetos e urbanistas, conforme comentado no podcast. “O crescimento vertical está aumentando, o que antes eram de até 3 andares hoje está com 5 ou 7 andares. E quando eu vejo até fico com aquela preocupação: e essa estrutura? O acesso dessas escadas? É bem alarmante”, disse Ester.

Segundo ela, os moradores não tem noção nenhuma que eles têm o direito a uma consultoria técnica, a uma moradia digna. “Eu acho que o primeiro de tudo é a conscientização dos moradores, então é promover debates e reuniões, talvez ter um próprio material que as universidades possam preparar junto com os estudantes. Seria uma coisa muito bacana levar esse conhecimento de que eles têm esse direito e de que forma eles vão acessar a esses direitos”.

Para Aquiles, muitas vezes os arquitetos e urbanistas priorizam a linguagem técnica, e isso acaba sendo muito excludente. “As pessoas não entendem que de fato há uma falha na comunicação. Não basta a gente ir lá e fazer alguma coisa, falar para elas que está fazendo, a gente tem que se preocupar em como a gente vai falar isso para elas, porque é importante que elas tenham entendimento”, disse. “Tudo isso influi muito em como as pessoas vão entender a Assessoria Técnica”.

“Muitas pessoas não sabem nem como morar, elas não entendem”, complementou Ester. “Você entra dentro da casa com um olhar técnico e fala que tem cada solução bacana. Às vezes a diferença é de uma esquadria, que vai dar uma deiferença muito grande, vai trazer mais ventilação e iluminação”. Para combater isso, uma solução seria criar o “SUS da Arquitetura”, levando profissionais para atuar nos territórios vulneráveis.

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