Notícias CAU/GO

Arquitetura brasileira perde Carlos Bratke

Faleceu na tarde desta segunda, dia 9, em São Paulo, o arquiteto e urbanista Carlos Bratke. Tinha 73 anos. Pela manhã ele trabalhou normalmente em seu escritório, de onde saiu para almoçar em casa, onde faleceu repentinamente.

Ele é autor de centenas de projetos, diversos dos quais premiados. São projetos dos mais variados programas: casas unifamiliares, prédios de apartamentos, igrejas, escolas, indústrias e, sobretudo, edifícios de escritórios. Dentre estes, destaca-se sua produção na região da avenida Luís Carlos Berrini, um antiga região pantanosa do bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, que ele – junto com o irmão Roberto Bratke e Francisco Collet, também arquitetos, construtores – ajudou a consolidar, elaborando projetos de escritórios para a área, hoje uma das mais valorizadas da capital paulista. São mais de 60 projetos construídos, com área aproximada de 650 mil metros quadrados.

Carlos Bratke faz parte da primeira geração de arquitetos paulistas – os chamados “não alinhados” – que contestou os dogmas da arquitetura moderna. Seus projetos são marcados pelo experimentalismo tanto formal quanto técnico. Tinha experiência internacional com projetos nos EUA, Uruguai, Israel e México.

O funeral será realizado a partir das 11h desta terça, dia 10, no Funeral Home (rua São Carlos do Pinhal, 376, Bela Vista). O enterro acontecerá às 16h no Cemitério Redentor (avenida Dr. Arnaldo, 1105, Sumaré).

Colar de ouro
Para Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/BR, a perda é lamentável. “Muito entristece a impossibilidade abrupta de convívio com colegas como Carlos Bratke — sempre atentos às questões mais importantes da profissão, sempre disponíveis quando chamados a contribuir para o desenvolvimento da Arquitetura e do Urbanismo com seus conhecimentos técnicos, sua cultura vasta, sua inteligência sem pretensão.”

Além da vasta e qualificada obra profissional, Bratke ofereceu muito de seu tempo ao trabalho voluntário pela profissão, tendo sido diretor e presidente do IAB/SP; membro do Conselho Superior do IAB por diversos mandatos; diretor do Museu da Casa Brasileira; conselheiro e presidente da Fundação Bienal de São Paulo (ao tempo em que as Bienais Internacionais de Arquitetura eram realizadas no Pavilhão das Bienais de SP).

“Em 2003 foi um dos 35 primeiros arquitetos a assinar o manifesto em favor da criação do CAU, ao lado de Oscar Niemeyer, Nestor Goulart, Lelé, Paulo Mendes da Rocha, Severiano Porto, Joaquim Guedes e tantos outros importantes líderes da nossa profissão. Em 2012, participou de uma das primeiras reuniões plenárias do CAU/BR, debatendo conosco sobre o futuro da Arquitetura e deixando gravada sua contribuição para a organização do CAU. Em vida, recebeu prêmios e distinções diversas, merecidamente. Pelo conjunto de sua obra e importante contribuição à profissão, em 1999 recebeu o ‘Grande Colar de Ouro’ – comenda maior do Instituto de Arquitetos do Brasil”.

Gilberto Belleza, presidente do CAU/SP, declarou: “Perdi um amigo. A Arquitetura brasileira, um de seus grandes nomes. Os arquitetos e a profissão, um dos seus grandes defensores.”

Família de arquitetos
Carlos Bratke possuía a Arquitetura e Urbanismo no sangue. Nasceu em São Paulo, em 20 de outubro de 1942, filho de um dos principais expoentes da profissão no país, Oswaldo Arthur Bratke. Carlos resolveu seguir a mesma carreira do pai traçando seu próprio caminho. Formou-se em 1967 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie (FAAUM) e fez pós-graduação em Planejamento e Evolução Urbana pela Universidade de São Paulo (USP).

Ele fez parte do grupo que, nos anos 1970, o jornalista Vicente Wissenbach, na época editor da revista Projeto, denominou como os “não alinhados”. Em entrevista que deu a respeito, 30 anos depois, Bratke declarou: “do ponto de vista da satisfação pessoal, foi maravilhoso trabalhar sem pensar no que fulano de tal estava pensando a respeito de nossa produção. Deixa ele pensar o que quiser, eu estou pouco me lixando, estou fazendo com seriedade, não estou me prostituindo. Meu pai sempre me disse: ‘Carlos, inventa, inventa. O bacana da arquitetura é inventar.’ E isso ficou muito dentro da minha cabeça.”

Foi docente na Universidade Mackenzie e da Faculdade de Arquitetura em Belas Artes. Ocupou a vice-presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) de 1988 a 1991, e presidiu o Instituto nos dois anos seguintes. Dirigiu o Museu da Casa Brasileira. Por fim, tornou-se conselheiro e presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

Em 8 novembro de 2012, Carlos Bratke foi o palestrante convidado da série “CAU Conversa com”. O evento foi realizado durante a 12ª Reunião Plenária do CAU/BR em Brasília. Um dos assuntos principais foi a avaliação do ensino e formação dos arquitetos e urbanistas de hoje. Na opinião dele, seria interessante o Conselho refletir sobre a necessidade de um exame de ordem, assim como ocorre para os profissionais do Direito. Segundo ele afirmou, é preciso que todos os profissionais possuam um nível básico exigido pelo próprio exercício da profissão.

Principais projetos 
-Avenida Eng. Luís Carlos Berrini situada na Zona Sul de São Paulo com 60 projetos construídos, com área aproximada de 650.000 m²

MAIS SOBRE: Bratke

OUTRAS NOTÍCIAS

Conselho recebe aprovados em Concurso Público e homenageia primeiros efetivos

Entrevista com George Lins

Brasília sediará a IV Conferência Nacional de Arquitetura e Urbanismo entre 8 e 10 de novembro