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Corredores de ônibus: projeto não foi discutido

Não é novidade que a mobilidade urbana na Região Metropolitana de Goiânia necessite de soluções urgentes para garantir mais qualidade de vida a seus moradores. Buscamos cidades onde a população não passe seus dias em meio a congestionamentos, acidentes de trânsito e degradação ambiental. O CAU/GO entende que os corredores de transporte coletivo, determinados pelo Plano Diretor (Lei 171/07), são fundamentais para alcançar esse objetivo.

A implantação de faixas preferenciais permite que os ônibus circulem com prioridade em vias de grande fluxo. Consequentemente, sua velocidade média aumenta e os passageiros chegam mais rapidamente a seu destino. Vale ressalvar, entretanto, que a qualidade do serviço prestado pelas concessionárias não está relacionada apenas com o tempo de viagem, mas também com o tempo e a qualidade da espera no ponto, o conforto térmico durante o trajeto, o nível de ruído e a disponibilidade de assento, entre outros.

Porém, existe um sério problema em relação aos corredores de transporte público que a Prefeitura de Goiânia começou a implantar na capital: seu projeto não foi discutido ou mesmo apresentado à sociedade, como determinam diversas leis: a da Mobilidade Urbana (12.587/12), o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01) e o próprio Plano Diretor. Respeitamos os profissionais que trabalham na Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e na Secretaria Municipal de Trânsito (SMT). Contudo, embora os órgãos informem que efetuam essa discussão, em reuniões realizadas com o CAU/GO e outras entidades, apenas ideias e estudos preliminares foram apresentados. Nada de projeto completo. Isso aconteceu mesmo no caso da Avenida 85, cujo trecho já foi implantado; e da T-7, anunciado na última segunda, dia 23/02.

Uma das medidas mais polêmicas é a retirada de parte da vegetação existente nas vias, como no caso da Avenida 85 e do eixo da T-7. No caso da primeira, a função da derrubada foi abrir mais espaço para o tráfego de veículos particulares – apesar da alegação de que se tratava de priorizar o transporte público. Em relação à segunda, de acordo com a informação obtida pelo CAU/GO, o plano inclui impermeabilizar o canteiro central e eliminar as palmeiras no trecho situado na região do Fórum e outros pontos, para a implantação de uma ciclovia.

É muito importante considerar que existem soluções menos destrutivas da paisagem urbana, a fim de abrir vias próprias para o ciclista e contribuir para o aprimoramento de sua mobilidade. Por exemplo, elaborar trajetos por vias secundárias com a redução do limite de velocidade dos carros, reduzir a largura de calçadas ou mesmo implantar uma faixa compartilhada para transporte coletivo e bicicletas, o que exigiria medidas como educar os motoristas e disponibilizar mais ônibus nas linhas.

A mobilidade é um problema central de todas as metrópoles hoje em dia, porém ela não deve se sobrepor a outras necessidades, como a de um entorno agradável, com maior capacidade de drenagem pluvial e maior conforto térmico – possibilitadas pelos terrenos permeáveis e pela vegetação. Essas questões estão intrinsecamente relacionadas a problemas tão pungentes quanto a mobilidade: a escassez de recursos hídricos e de energia elétrica em evidência no país.

Além dos projetos dos corredores preferenciais, a sociedade tampouco teve acesso às propostas do BRT (Bus Rapid Transit) ou do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), ambos em pauta. De que forma seus projetos se integrarão ao dos corredores?

Por fim, apesar da importância dos projetos para corredores preferenciais, é urgente considerar que propostas mal elaboradas, sem discussão e sem análise de impacto podem vir a comprometer a ideia dos corredores, agravando ainda mais a situação já caótica dos deslocamentos em Goiânia. Afinal, uma boa ideia, caso mal executada, pode se transformar em uma alternativa péssima e irreversível.

Ainda existem cerca de 100 quilômetros de corredores a serem implantados na capital. Temos diante de nós uma grande oportunidade para elaborar e executar bons projetos que podem trazer um ganho urbanístico, paisagístico e ambiental de extrema relevância para a cidade. Mas para chegar lá é preciso que a sociedade participe dessa discussão.

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