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Concurso de habitação: Reunião técnica revela demandas de comunidades quilombolas goianas

Em reunião técnica realizada na última semana a pedido da Superintendência da Mulher e da Igualdade Racial do Estado, pelo Zoom, o CAU/GO e a Agehab ouviram representantes de diversas comunidades quilombolas do Estado, a respeito de suas expectativas em relação aos projetos do Concurso Nacional de Habitação Quilombola, que recebe propostas até o próximo dia 30. A reunião técnica teve a participação dos membros do júri do certame.

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Confira abaixo entrevista com a coordenadora do concurso, a arquiteta e urbanista Maria Ester de Souza, assessora institucional do CAU/GO.

1.O CAU se reuniu com a Agehab, a Superintendência da Igualdade Racial do Estado e representantes de comunidades quilombolas goianas para conversar sobre o que eles esperam do projeto de habitação alvo concurso. Pode falar um pouco sobre essas demandas?
As demandas colocadas pelos representantes das comunidades foram principalmente relacionadas a equipamentos comunitários, como centro de convivência, espaço público aberto, local de reunião. Sobre o projeto da habitação, trouxeram a preocupação com o quintal e o fato de seu espaço ser tão importante quanto ao dos outros ambientes. Além disso, consideram que a praticidade da manutenção da casa – ou seja, que seja fácil de limpar – deve ser considerada no uso de pisos cerâmicos, laje e que uma boa iluminação, com aberturas amplas, é o desejo da maioria.

2.Parte das comunidades quilombolas goianas vive no meio rural, e parte em meio urbano. Como elaborar um projeto considerando as diferenças que poderão haver em relação ao local de implantação das habitações?
O projeto solicitado está limitado em tamanho e custo, o que o adapta para ser construído em lote urbano ou na zona rural. A diferença entre esses locais será visível no momento da ocupação, quando os quintais forem formados. Outro fator que incide sobre a locação é a orientação solar, que, na zona rural, deixa o projeto mais livre para ser locado em posição que favoreça o conforto térmico. Entretanto, em lote urbano a locação também pode ser adaptada para não prejudicar a qualidade da habitação.

3.Quais aspectos culturais você observou que são importantes? E quais devem ser deixados de lado, diante de questões técnicas ou da demanda de representantes de comunidades quilombolas?
Importante lembrar do espaço da cozinha e varanda com fogão a lenha como ambiente de maior uso dos moradores. As comunidades também possuem forte senso de identidade com materiais naturais, o que os leva a usar suas cores e texturas nas construções. Deve ser deixado de lado o aspecto primitivo da cultura e deve ser considerado que as comunidades estão “antenadas” com as tecnologias de informação. Os quilombolas entendem que o padrão usual de casas populares é pobre em soluções de fachada e composição, e se sentem dignos de receberem projetos contemporâneos e com soluções construtivas tecnológicas.

4.Pode dar exemplos de soluções arquitetônicas que, embora interessantes em determinados contextos, no caso do concurso poderiam vir a descaracterizar a cultura de morar quilombola?
Por exemplo, o uso excessivo de materiais brilhantes e painéis metálicos, a ausência de vegetação no projeto, o uso do tom monocromático na edificação ou o individualismo na distribuição dos ambientes. Os quilombolas compõem famílias numerosas e gostam de receber visitas.

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