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BRT: CAU/GO apoia Ministério Público

Diante da ação civil pública proposta pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), pedindo a paralisação das obras do BRT (Bus Rapid Transit) que está sendo implantado em Goiânia, o CAU/GO manifesta seu apoio ao promotor de justiça Marcelo Fernandes de Melo. Embora a capital careça de projetos de mobilidade de tal magnitude, reforçamos a necessidade de elaboração de um projeto executivo completo, antes da realização de qualquer trecho da obra em questão.

A cidade precisa ser pensada em sua complexa rede de funções e atividades, que acontecem simultaneamente. O transporte coletivo está entre elas, e a escolha do modal em questão deve ser justificada a partir de diversos estudos. A partir deles, seu projeto deve se adequar à realidade física e social da cidade. Serviços de BRT podem qualificar a cidade, desde que sua implantação seja objeto de um projeto urbanístico, e não apenas de transporte.

Vivemos um momento em que se questiona a onipresença do carro nas cidades, e se reforça a necessidade das ciclovias, da valorização da escala do pedestre, da valorização das áreas verdes e permeáveis e da redução da poluição visual, atmosférica e sonora. Assim, é válido questionar se, como alternativa à proposta apresentada para o trecho histórico da avenida Goiás, situado entre a Independência e a Praça Cívica, o projeto do BRT não poderia trazer outras soluções. Coincidentemente, obtivemos a informação de que na proposta inicial para esse pedaço, os terminais do BRT seriam construídos em uma das faixas de rolamento de carros, restringindo o acesso destes e preservando a ilha central, e com ela uma parte importante da identidade do goianiense. Por que foi rejeitada?

O Iphan, órgão responsável por analisar a obra nesse trecho histórico, informa pelos jornais que o patrimônio só faz sentido se for usufruído pela população. Concordamos com a tese, porém nos preocupa o conceito de preservação considerado. Acreditamos que há outras formas de a sociedade exercer esse usufruto, e ele passa necessariamente pela preservação de características essenciais da cidade. Usufruir da História também é necessário.

Quanto à vegetação que vem sendo retirada para a implantação do BRT, o que realmente não for possível preservar deveria ser substituído por espécimes do mesmo porte ou maior. E deveria ser plantado seguindo um planejamento, de forma que, quando a construção do projeto for concluída, as árvores estarão em fase de crescimento avançado. A premissa vale tanto para a Goiás Norte, quanto para a 4a Radial, a avenida Rio Verde ou a Praça Cívica.

Por fim, também colocamos em questão a opção realizada pelos órgãos responsáveis pelo uso de veículos elevados no BRT, em detrimento dos ônibus de piso rebaixado. Com isso, o embarque e desembarque necessitam de estações específicas e elevadas, que não podem ser compartilhadas por veículos mais baixos e provocam maior impacto na paisagem urbana, ao configurar barreiras visuais elevadas e necessitarem de extensas rampas de acesso.  Tal opção, hoje, diminui o custo da aquisição dos ônibus, mas no futuro pode dificultar a renovação da frota por veículos mais modernos.

Também é passível de discussão se, com a adoção de bilhetes com tempo de validade estendido, a própria construção dos terminais poderia ser dispensada, uma vez que a baldeação entre linhas poderia ser feita em qualquer ponto de parada, sem controle de acesso.

A sociedade tem direito a uma cidade com projeto de qualidade.

Saiba mais:
MP pede paralisação das obras do BRT em Goiânia

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