Artigo

Arquitetura eficiente – artigo do conselheiro David Finotti

Enfrentamos uma drástica crise hídrica e energética no nosso país. Por conta do regime irregular de chuvas, os reservatórios das regiões Centro-Oeste e Sudeste encontram-se em estado preocupante, no seu pior nível em 22 anos. O Brasil possui uma forte dependência da produção de energia através de fontes hidráulicas: segundo o ONS, o país conta com 1.367 usinas, responsáveis por uma potência de 109,3GW, cerca de 65% de toda a energia produzida na matriz brasileira. Daí a insegurança energética nacional.

Para solucionar o problema, é comum, nesse período, o acionamento de termoelétricas, destinadas a atender à forte demanda, principalmente em períodos quentes como os que passamos recentemente. Outra medida do governo federal foi o aumento da tarifa, visando promover uma redução da demanda.

Nesse contexto de escassez de água – e, como consequência, de energia -, a Arquitetura possui um papel crucial para a promoção de uma melhor gestão desses recursos. Reduzir o consumo energético de uma edificação ao longo do seu ciclo de vida é de grande importância e se alia a ações mundiais para o enfrentamento do aquecimento global. Diversas alternativas podem contribuir para a sustentabilidade, visando um maior equilíbrio entre o ambiente, a sociedade e o clima.

A eficiência energética das edificações é obtida quando as mesmas tarefas são realizadas com consumo de energia mais baixo, fornecendo uma melhor condicionante à ocupação desse espaço, intimamente ligada ao conforto térmico da relação do usuário com o espaço. Assim, é essencial que, no projeto de Arquitetura, ocorra o aproveitamento da ventilação passiva, iluminação natural e utilização de vegetação no entorno da edificação. Dessa forma, é possível promover a melhoria do microclima local e a umidificação do ar, aproveitando as características naturais para auxiliar na redução do uso de elementos externos que demandam alto consumo energético.

Também podemos citar como exemplo de medida ambientalmente mais sustentável a captação de água das chuvas, com uso de calhas e cisternas e o reuso de água, por exemplo, do ar-condicionado, para a manutenção das plantas. E também da máquina de lavar roupas, auxiliando na realização da limpeza de pisos. Tais medidas, além disso, são soluções que exigem baixo investimento, no que remete à relação entre custo de implantação e custo de operação.

Outras questões devem ser pensadas ao longo do desenvolvimento de projetos arquitetônicos. Temos como exemplo a implementação de fontes de energias renováveis, como a solar, que contribui na redução da dependência da energia elétrica de fontes poluentes, proporcionando uma resiliência às cidades. Vale ressaltar que, para todas essas soluções, o ideal é que existam projetos adequados de iluminação, de elétrica e de climatização do ambiente, assim como o próprio projeto arquitetônico.

Essas transformações devem ser pensadas visando promover o desenvolvimento sustentável e um futuro melhor para as próximas gerações. Devemos projetar com o objetivo de implementar a sustentabilidade na arquitetura. Trata-se de uma necessidade para momentos de crise – a exemplo deste que atravessamos.

*David Finotti, arquiteto e urbanista, é conselheiro do CAU-GO

Publicado originalmente no jornal A Redação, em 28/10/21.

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