Artigo

Arquiteto protagonista, artigo do conselheiro Paulo Renato

A imagem de uma linha de montagem ilustra bem a condição do arquiteto no mercado atual. Muitas vezes o profissional acaba inserido apenas como uma engrenagem desse sistema, executor de instruções do empreendedor imobiliário. Cabe a ele materializar as “necessidades” idealizadas por outros profissionais.

Porém, a função orgânica do arquiteto é bem diferente disso. Apesar do modelo prevalecer, é preciso lembrar que o longo período de estudo e especialização deste profissional, seus anos de experiência e sua vivência como agente de transformação, devem justificar e consolidar seu protagonismo na dinâmica do mercado imobiliário. O arquiteto é um gerador de demandas. A proatividade de sua atuação modifica o ambiente em que todos vivem.

A função do arquiteto é pensar o futuro. Ele é um transformador, que se antecipa à demanda do cliente e propõe a conjuntura que trará à luz um projeto. Até porque a Arquitetura é, por natureza, uma atividade multidisciplinar, que reúne muito de outros segmentos – o cálculo, mas também o sentimento; o técnico, mas também o humano; a obra, mas também a arte; os espaços, mas também o comportamento.

Se o arquiteto se sintoniza com o futuro, ele também está atento ao que é relevante em todo o mundo, em todas as áreas, o tempo todo. Ele é uma antena do mercado, antecipando tendências e consagrando soluções diferenciadas para o cliente, o projeto e o espaço urbano.  

Portanto, assim como a índole da ruptura de padrões faz parte do DNA de um bom arquiteto, já passa da hora de a sociedade romper também com o padrão ultrapassado e estratificado que rege hoje as relações de trabalho no segmento imobiliário. E desconstruir por completo a figura da linha de montagem.

Pensando junto e às vezes antes do cliente, propondo a solução sem esperar o problema acontecer, o arquiteto, como também a sociedade, assumirá o protagonismo. O primeiro ficará a cargo da missão de inovar e aperfeiçoar o ato de viver em coletividade. Às pessoas caberá ocupar melhor o espaço, seja ele o de sua casa, de seu trabalho ou de sua cidade.

*Paulo Renato Alves, conselheiro do CAU/GO

Publicado originalmente na Revista Zelo, edição 44

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