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Sobre preconceitos e ciclistas

(resposta à coluna de Sueli Arantes, de 03/08/2013, Diário da Manhã)

Normalmente questões como sol e chuva são supervalorizados por pessoas que não tem o costume de andar de bicicleta. Em países do norte, por exemplo, a chuva é quase diária e constante, outras vezes o frio é próximo de zero, e apesar disso, a população utiliza bicicletas diariamente. 

O Brasil é hoje o quinto maior mercado consumidor de bicicletas no mundo, e quanto ao uso desta frota, 50% é destinado a transporte (ABRACICLO, 2007). Goiânia, por exemplo, já foi a capital nacional de uso de bicicletas, em função de sua topografia perfeita para a prática. De acordo com a divisão modal da CMTC (2006-2007) as bicicletas ainda representam cerca de 6% das viagens na cidade. O que ocorre é que o ciclista é, hoje, invisível: não estamos acostumados a percebê-los e eles estão confinados nos miolos dos bairros.

Hoje o trânsito é, de fato, violento contra o ciclista e, consequentemente, este é hoje o maior fator que impede as pessoas de usar bicicletas. Por isso, uma infraestrutura cicloviária deverá reduzir riscos e a agressividade, dando abertura para muitos novos usuários. Desta forma, a cidade se torna mais democrática, e aberta para que cidadãos adotem novas práticas de sustentabilidade. 

Além disso, entende-se que um bom projeto de infraestrutura cicloviária, deve prever paraciclos e percursos sombreados. É fundamental que os destinos (empresas, escolas, instituições e terminais intermodais) possuam vestiários e bicicletários, para dar apoio ao usuário. Por exemplo, no caso da UFG, já existe um vestiário destinado aos alunos, outro em construção e a previsão de construção de mais um. Ou seja, as soluções sustentáveis não são sempre as mais fáceis, mas, devem ser as que preferimos.

É preciso ter a percepção de que a cidade não é pensada apenas para a classe média ou ascendente. Muitos trabalhadores, como os da construção civil, estão acostumados a trocar de roupa ao chegar ao trabalho, tomar banho no final do dia e voltar para casa.

É sempre bom reforçar os benefícios do uso da bicicleta:

– Para o meio ambiente: redução de poluição, pouco ruído, menos consumo de combustíveis fósseis, etc;

– Para o usuário: mais saúde, bem estar físico e mental, preço acessível, baixo custo de manutenção;

– Para a cidade: menor necessidade de espaço público, infraestrutura barata, adequação da paisagem à escala humana, e não à das máquinas, como grandes viadutos e vias expressas responsáveis por inúmeros acidentes em perímetros urbanos.

No Brasil pelo fato do automóvel ser símbolo de prosperidade e diferenciação social, a utilização da bicicleta como modo de transporte acaba sendo depreciada. Para muitos indivíduos esta utilização é considerada constrangedora, utilizando-a apenas para recreação. Mas, felizmente, ainda há esperança e sonhadores conscientes.

Camilo Amaral
Luiza Antunes
Fernando Chapadeiro
Ana Flávia Marú

Veja o que foi publicado na coluna da jornalista Suely Arantes em 3 de agosto de 2013:

Coluna Suely Arantes

 

 

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