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Fórum de Mobilidade reúne pesquisadores, profissionais e comunidade no Sest Senat

No dia 19 de setembro, o CAU/GO apoiou a realização do 6° Fórum de Mobilidade Urbana e Trânsito, organizado pelo Programa Educando e Valorizando a Vida da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Sest Senat e Observatório de Mobilidade e Saúde Humana de Goiás. O objetivo do evento foi promover o diálogo entre pesquisadores, profissionais e comunidade na busca por cidades mais inclusivas, sustentáveis e democráticas.

A palestra de abertura foi feita pelo arquiteto e urbanista Diogo Pires, que atualmente trabalha como assessor da prefeitura de Salvador. Além disso, por três anos ele coordenou projetos de transporte e desenvolvimento urbano em mais de 15 cidades brasileiras, através da World Resources Institute WRI – Brasil Sustainable Cities, instituição internacional sem fins lucrativos. Diogo Pires tem doutorado em urbanismo com a tese “Rede de transporte como elemento estruturante do desenvolvimento urbano” e após a palestra deu a entrevista abaixo para o site do CAU/GO:

Em Goiânia, estamos em processo de revisão do Plano Diretor. Em que medida essa lei deve resolver ou contribuir para solucionar o problema da mobilidade na cidade?
Bernardo Secchi já dizia nos anos 1990 que a chamada “nova questão urbana” propõe a transversalidade interdisciplinar. Ou seja, ao tocar na mobilidade, é preciso tocar nos desafios sociais, como a renda. Está tudo entrelaçado nas cidades. O Plano Diretor influencia diretamente na mobilidade e deve dar diretrizes para a cidade viabilizar melhor os deslocamentos. Barcelona, por exemplo, é uma cidade que tem o uso misto como padrão de ponta a ponta. É uma cidade de prédios baixos, com até seis andares, mas superdensos. Jan Gehl comenta que, a partir do sexto andar, é gerado um distanciamento com a rua que influencia na interatividade da pessoa com o local em que está inserida. Na área térrea dos prédios de Barcelona, a fachada principal é muito ocupada por serviços, bancos, cabeleireiro, padaria, o que gera a possibilidade de a pessoa sair de casa e, em menos de 50 metros, conseguir comprar pão.

Você falou na palestra que Salvador reduziu o índice de acidentes fatais no trânsito em 57% nos últimos anos.
Sim, a meta da ONU é a redução de 50% até 2020 e Salvador bateu essa meta em 2018, com medidas como a redução da velocidade máxima. A 60 km/h, a chance de o motorista matar uma pessoa é de 9 a cada 10. Já a 50 km/h, a situação se inverte, um a cada 10 vira acidente fatal, de acordo com as estatísticas. Quando o motorista está em velocidade mais baixa, consegue ficar mais atento ao entorno, ter mais domínio do carro e frear com mais tempo. E além da redução da velocidade, Salvador também adotou outras medidas, como a instalação de ciclovias, campanhas junto aos motoristas de ônibus, mais fiscalização e diversas outras que caminharam paralelamente.

Como foi a criação dos “calçadões” onde convivem carros e pedestres?
Algumas áreas da cidade com vias “normais”, com calçada dos lados e asfalto no meio, foram transformadas em um grande calçadão. É como uma lombofaixa que se estende por toda uma área, onde há uma praça, por exemplo. Isso faz com que os motoristas, quando entram nesse local, se sintam mais propensos a reduzir a velocidade, por conta da convivência com os pedestres. As pessoas também se sentem mais à vontade para caminhar ali. Também houve um processo de educação para o uso desse espaço.

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