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Entrevista: Escolas precisam expandir a grade de Paisagismo, diz Ciça Gorski

Nos próximos dias 28 e 29, o CAU/GO recebe para a 12ª edição da Aula Magna do Conselho, a arquiteta e urbanista Ciça Gorski, que há quatro décadas atua na área de Arquitetura Paisagística. Graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo – onde também obteve o título de mestre com a dissertação “Rios e Cidades: da ruptura ao reencontro” – a palestrante é sócia diretora da empresa Barbieri + Gorski Arquitetos Associados.

Seu portfólio inclui trabalhos desenvolvidos para a iniciativa privada e para a gestão pública em diversos municípios brasileiros. Em Goiânia, desenvolveu a Praça Cívica e o Parque Macambira Anicuns, junto ao escritório Grupo Quatro, do arquiteto Luiz Fernando Cruvinel Teixeira (Xibiu).

A Aula Magna será às 19h do dia 28 em Goiânia, no Teatro PUC (inscrições encerradas). E às 10h do dia 29 em Anápolis, no auditório do Senac (inscrições encerradas). Houve alteração de local, pois inicialmente a palestra se daria em uma unidade da UEG. Atenção para o novo endereço: Av. Sen. José Lourenço Dias, 678, St. Central, Anápolis.

Confira abaixo entrevista em que a arquiteta fala um pouco mais sobre seu campo de trabalho.

Você atua no desenvolvimento de projetos de paisagismo desde 1977. Nesses 41 anos, muita coisa mudou no conceito e no objetivo do paisagismo no Brasil?
Sim, muita coisa mudou. A começar pela legislação ambiental, que vem evoluindo constantemente a partir dos movimentos ambientais de âmbito internacional da década de 1970. E pelo avanço da legislação de mobilidade e acessibilidade. Assim, o escopo do planejamento e do projeto paisagístico foi sendo entendido em outra escala, com o objetivo de preservar ou recuperar ambientalmente a área a ser tratada, e também de promover a qualidade de vida e a adoção do desenho universal, principalmente nas áreas urbanizadas.

O que não mudou, mas deveria ter mudado? Por exemplo, em que medida passamos a usar mais ou menos espécies nativas nos projetos paisagísticos?
A formação dos profissionais tem muito que avançar. As Faculdades de Arquitetura e Urbanismo continuam se multiplicando em todo o país e a categoria de Planejamento e Arquitetura Paisagística não acompanha este ritmo. Para fazer frente ao mercado potencial, a grade dedicada ao tema tem que se expandir consideravelmente.

A divulgação da importância da categoria e de sua abrangência também ainda deixa a desejar, o que faz com que o mercado não identifique a atuação real dos profissionais, condicionando o projeto paisagístico apenas à seleção e especificação de plantio.

Já a produção de plantas nativas dos diversos biomas brasileiros não tem capacidade de atender à demanda. São Paulo ainda concentra a maior quantidade de viveiros, exportando plantas para as regiões amazônicas ou de cerrado, por exemplo. Não existe uma política de incentivo ao desenvolvimento de viveiros nas diversas regiões do país para produção de espécies autóctones. Os pesquisadores das universidades também acabam não participando dos planos municipais ou regionais de plantio. Falta a integração da universidade ao mercado.

O paisagismo muitas vezes é considerado algo de luxo ou inacessível para grande parcela da população. Qual é sua importância do ponto de vista social? Ele deve ser levado a todas as pessoas?
Ele deve estar inserido nos projetos de urbanização, de habitação social do tipo Minha Casa Minha Vida, de parques e praças que se originam de contrapartidas e principalmente dos projetos viários. No país, de clima tropical, a maioria das calçadas são precárias e não arborizadas.

Há muito se fala na importância e na viabilidade de recuperação dos rios urbanos. Tem havido avanço no Brasil no desenvolvimento de projetos com esse objetivo?
Tem avançado mais significativamente do ponto de vista legislativo e mais timidamente do ponto de vista prático. Os corpos d’água urbanos foram relegados durante muitas décadas e sua recuperação é de extrema complexidade, envolvendo vários outros sistemas, principalmente o viário. Aos poucos vai se avançando.

Pode falar como se deu o desenvolvimento do projeto do Macambira Anicuns, em que seu escritório trabalhou junto a um escritório goiano?
O Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns se originou de um conjunto de ações propostas pela Prefeitura de Goiânia focadas na questão ambiental e na sustentabilidade, que recebeu financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os benefícios da implantação das intervenções previstas no programa são extremamente significativos para a cidade. Trata-se da melhoria do microclima urbano e da qualidade do ar, da recuperação das funções naturais do córrego Macambira e do ribeirão Anicuns, da requalificação da paisagem urbana e geração de espaços públicos, entre muitos outros. O projeto começou a ser implantado em 2014 e aproximadamente um terço do projeto foi concluído.

Saiba mais
Aula Magna: Ciça Gorski traz a Goiânia e Anápolis experiência em Paisagismo
barbieri+gorski
Entrevista Maria Cecília Barbieri Gorski – Piniweb

 

Editado em 28/08/2018

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