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Decreto obriga novos edifícios do Rio de Janeiro a exibirem o nome de autor do projeto

Fernanda Pontes

 Agência O Globo

 

RIO — É um detalhe, mas basta um olhar mais atento para perceber que um dos pilotis do Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, exibe o nome de Affonso Eduardo Reidy, responsável pelo projeto e um dos ícones da arquitetura moderna do país. A assinatura de prédios, mesmo os residenciais, já foi uma prática no Rio, principalmente nos de estilo art déco e modernista. Numa tentativa de valorizar o trabalho de arquitetos, que muitas vezes têm seus projetos alterados pelas construtoras, o prefeito Eduardo Paes baixou um decreto exigindo que os novos edifícios da cidade tenham o nome de seus autores exibidos na fachada, como informou a coluna Gente Boa.
Ficam de fora do decreto, publicado no dia 20 de fevereiro, os edifícios de interesse social. O lugar exato onde será exibido o nome fica a critério do autor. Quem descumprir a determinação não receberá habite-se. Cabe aos moradores manter a comunicação visual em bom estado.
— O trabalho dos arquitetos não é reconhecido no Brasil. Há prédios que são transformados pelas construtoras e eles perderam a identidade — lamenta o presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Washington Fajardo — As pessoas precisam conhecer os responsáveis pelas criações. Em várias outras cidades do mundo, como Buenos Aires, é assim.
Para o arquiteto Sérgio Magalhães, presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), o decreto pode evitar equívocos da arquitetura:
— A assinatura pode levar a um maior comprometimento com o trabalho, já que o nome do arquiteto ficará visível e será lembrado no futuro.
Um dos renomados arquitetos que deixou sua marca na cidade foi o francês Henri Sajous. Sua obra pode ser vista na bela sede da Associação Comercial do Rio, na Rua da Candelária, no Centro. São dele também os edifícios Biarritz e Tabor Loreto, no Flamengo, e o da Mesbla, no Centro.
— O Sajous é a quintessência do art déco. Junto da assinatura, é possível ver a sigla DPLG (Diplômé par le gouvernement). Era uma forma de mostrar que era certificado pelo governo francês — diz Márcio Roiter, autor de “Rio de Janeiro Art Déco”.
O art déco é, aliás, um estilo em que a figura do arquiteto era fundamental. Os prédios de grife podem ser vistos em bairros como Copacabana e Flamengo. Entre eles, o Ok, de Gusmão, Dourado & Baldassini, e o Itaoca, de Robert Prentice e Anton Floderer, ambos em Copacabana.
— Os prédios art déco sempre eram assinados. Os arquitetos tinham um compromisso com o morador, queriam impressionar o visitante e se orgulhavam de sua obra — diz Márcio.
Há ainda casos como o do Edifício Tradicional, no Cosme Velho. Em estilo neocolonial, ele leva uma discreta assinatura do arquiteto Ângelo Murgel junto à portaria.
O modernismo, que reuniu nomes de projeção internacional, como Oscar Niemeyer, também foi marcado pela assinatura de seus autores. O arquiteto Pedro da Luz, presidente do IAB-RJ, cita a obra de Jorge Moreira , que imprimiu seu nome em prédios como o Antônio Ceppas, no Jardim Botânico, e no Tapir, no Flamengo. Um dos marcos da arquitetura modernista, o Palácio Gustavo Capanema, no Centro, exibe ao lado dos elevadores uma placa: “projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão, Lucio Costa e Ernani Vasconcelos, sob risco original de Le Corbusier”.
— Uma obra como essa jamais poderia deixar de estar assinada — diz a estudante de arquitetura Maristela Pinheiro.

Fonte: http//oglobo.globo.com/rio/decreto-obriga-novos-edificios-exibirem-nome-de-autor-do-projeto-12136015#ixzz2yQ7hXmG8

 

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