Artigo

Chove na cidade, artigo da assessora de imprensa Elisa A. França

No último fim de semana, o CAU/GO publicou um artigo no jornal O Popular sobre drenagem urbana, reforçando a necessidade de que as cidades sejam planejadas de forma a minimizar os danos causados pelas chuvas intensas, que se tornarão comuns em todo o planeta.

O Conselho, nesta oportunidade, se solidariza com as pessoas atingidas pelos mais recentes alagamentos ou deslizamentos, seja em Goiás, Minas, Espírito Santo ou São Paulo. A ação do poder público é primordial, a fim de evitar futuras tragédias.

Leia abaixo o artigo completo:

Em abril de 2018, o córrego Botafogo inundou áreas expressivas da região central de Goiânia, chamando atenção para o grave problema da drenagem pluvial da nossa capital. Um caso extremo, que prejudicou seriamente a estrutura já danificada da via rápida. Mas os alagamentos e estragos causados pelas chuvas no Verão há muitos anos afetam os moradores da cidade, desalojando-os, precarizando suas habitações e dificultando ainda mais sua mobilidade.

Neste início de 2020, não está sendo diferente. Seguimos com quase uma centena de “pontos críticos de alagamentos”, mais fáceis e baratos para monitorar do que para solucionar. Ainda que a Prefeitura realize algumas obras de drenagem, como as do Centro na avenida Goiás, ou implante soluções interessantíssimas como os jardins de chuva, vemos as águas furiosas correrem em busca de um leito de córrego ou rio.

Em Belo Horizonte, que hoje vive uma situação de calamidade por conta das fortes chuvas, o geógrafo Alessandro Borsagli alertou em 2016, com seu livro “Rios invisíveis da metrópole mineira”, que a negação e a vedação dos rios urbanos pioram a qualidade de vida dos cidadãos. Em São Paulo, o grupo Rios Vivos faz excursões em busca dos cursos d’água encobertos pelo asfalto (e pela água, quando chove).

No interior de Goiás, Catalão também causa no momento muita preocupação com o rompimento de nada menos do que três barragens no córrego Pirapitinga. Este jornal noticiou que em 2015 o Ministério Público solicitara à Prefeitura que desenvolvesse um plano municipal de drenagem. O município recorreu e já perdeu em primeira e segunda instâncias. Agora, além de explicar por que não tomou as providências necessárias, precisa tomar medidas emergenciais para o extravasamento das represas e córregos, que estão sobrecarregados.

As chuvas podem até estar mais fortes do que no passado. Mas já faz muitos anos que a intensificação das precipitações está sendo prevista. As cidades precisam se preparar e o Plano Diretor está na pauta do dia para isso. É essencial retomar o espaço dos rios e córregos, recuperar várzeas, garantir os índices de permeabilidade do solo nas áreas públicas e privadas, além de investir em infraestrutura de peso em drenagem. Diante de obras como a trincheira da rua 90, em área de lençol freático superficial, ou o prolongamento da Marginal Botafogo, nos perguntamos: até quando remaremos contra a corrente?

*Elisa A. França é assessora de imprensa do CAU/GO

Publicado originalmente no jornal O Popular, 01/02/20.

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