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O papel da Arquitetura em garantir saúde, por meio do projeto dos espaços

Andar de elevador, tocar nos botões do caixa eletrônico , comprar pão na padaria da esquina e compartilhar a mesa de trabalho com o colega já não serão ações triviais do dia a dia do indivíduo urbano, por um bom tempo. Porém, uma vez arrefecida a fase crítica da epidemia do covid-19 que a sociedade brasileira enfrenta no momento, terá lugar a retomada mais segura das atividades.

Ao mesmo tempo, por segurança as pessoas continuarão passando bastante tempo dentro de casa. E por isso as habitações precisarão passar por adaptações, visando torná-las mais saudáveis e mais funcionais. Além de um lugar que ofereça mais bem-estar às famílias.

Seja fora ou dentro dos lares, o fato é que a Arquitetura terá um papel primordial para adaptar as edificações e os espaços de uso público ao “novo normal” – que ninguém sabe ao certo como será. O que se sabe é que, em meio a tantas incertezas, o “layout” ou desenho dos ambientes e das infraestruturas urbanas terá de oferecer às pessoas, entre outras coisas, pontos de higienização das mãos e objetos, maior ventilação dos espaços internos e mobiliário que garanta distanciamento social.

Escute aqui a campanha de rádio que o CAU/GO começou a veicular nesta quinta-feira, dia 6, sobre o papel do arquiteto na adaptação dos ambientes residenciais.

“Precisamos reinventar os espaços, com soluções criativas e adequadas a este momento”, afirma a conselheira do CAU/GO Regina de Faria. Segundo a conselheira Janaína de Holanda, todos os ambientes terão que passar por adequações. Para a arquiteta, restaurantes poderão ter mais compartimentações e divisórias, por exemplo. E poderá ocorrer a conversão de áreas comerciais em imóveis residenciais, considerando que o home office permanecerá para uma parcela dos trabalhadores e que muitas empresas deverão enxugar sua estrutura física. “Mas, ao mesmo tempo em que a demanda por salas comerciais deve reduzir, a meu ver os espaços de coworking ganharão relevância, como um espaço de que as pessoas precisarão para se reunir em caso de necessidade”, afirma.

Soluções
O novo projeto também precisará dar mais qualidade de vida ao profissional que trabalha em home office, como também um espaço adequado para as aulas remotas das crianças – que podem persistir por algum tempo, intercaladas com aulas presenciais. Nos novos layouts, há arquitetos que consideram a possibilidade de surgirem também novas formas de projetar, que evitem, por exemplo, que as pessoas se esbarrem – como no caso de quinas de parede em ângulo reto, em locais com circulação de muitas pessoas.

A grave carência de habitações adequadas para grande parcela da população goiana e brasileira é um problema também sanitário que, com a epidemia do covid-19, ganhou ainda mais importância. Espaços adequados, ventilação natural, incidência de luz solar e mais de um ponto de entrada de água em casa são algumas das soluções que devem estar previstas em projetos arquitetônicos, visando dar mais saúde e qualidade de vida às famílias de baixa renda. Sem falar no caráter essencial do fornecimento do serviço de saneamento básico, a fim de garantir que toda a população tenha acesso a água tratada e coleta de esgoto.

Duas arquitetas que atuam na Bahia e em Sergipe criaram recentemente um manual com orientações para adaptações a diversos ambientes de trabalho ou de uso público, como escritórios, clínicas e academias de ginástica, para serem consideradas na hora de retomada das atividades. Na cartilha, Maria Paula Dunel e Ingrid Almeida especificam o distanciamento entre os pontos de trabalho ou exercício, a ocupação máxima do ambiente e outros pontos. Clique aqui para acessar o Manual de repaginação dos ambientes de trabalho.

Escute aqui a campanha de rádio do CAU/GO sobre o papel do arquiteto na adaptação dos espaços de trabalho e estabelecimentos comerciais.

Cidade
“No espaço urbano, é necessário haver um incremento das áreas de convívio ao ar livre”, afirma a conselheira Janaína de Holanda. “Com o crescente adensamento da cidade, com edifícios cada vez maiores e com mais moradores, é preciso poder dispersar a população através de um sistema de praças e parques”. Para Janaína, é fundamental que esses espaços se multipliquem nas áreas periféricas das cidades. Segundo Regina, é possível que as áreas públicas de lazer precisem ser menores e mais numerosas, de forma a não provocar aglomerações.

Na opinião de Janaína de Holanda, também é fundamental que a pandemia resulte em melhorias significativas para o transporte público e uma revisão de outras questões de mobilidade, com o incremento por exemplo de uma política que ofereça infraestrutura e estímulo ao uso da bicicleta.

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